Esta foi uma entrevista realizada
ao sócio gerente da empresa Rosicar Indústria de Cerâmica Lda, José de Sousa
Carvalho com a finalidade de conhecer o método de gestão de recursos humanos
utilizado.
Tem
algum departamento ou alguém encarregue de gerir os recursos humanos da
empresa? Se não tem, porquê?
Não temos nem
nunca tivemos um departamento de RH pois como é uma empresa de pequena dimensão
não necessitamos e também em termos financeiros não nos é possível,
principalmente neste tempo de crise. Mas temos um departamento administrativo e
é nesse departamento que fazemos todas as decisões a nível da empresa.
Visto
que não possui nenhum departamento de RH sente dificuldade em gerir os seus funcionários?
Não, porque
todos os funcionários que a empresa tem pode-se dizer que são da “casa”, todos
já conhecem as regras de funcionamento da empresa, damo-nos todos bem, e até
alguns deles andaram comigo na escola. Sempre que peço algum favor aos
trabalhadores, como por exemplo fazer horas extra eles mostram-se disponíveis,
ou mesmo quando é necessário recrutar, como estamos numa localidade pequena
todos nos conhecemos e é fácil arranjar A, B ou C com experiência para
trabalhar cá. Por isso não sentimos qualquer tipo de dificuldade em gerir os
trabalhadores.
Qual
é o método de recrutamento que utiliza?
É assim, nós não
temos nenhum método em específico, como disse à pouco estamos numa localidade
pequena e arranja-se facilmente alguém para ocupar um cargo na empresa, ou
então conversamos com os nossos trabalhadores a perguntar se conhecem alguém
com experiência para o posto de trabalho a ocupar.
Na fase de recrutamento o que acha mais importante,
a formação ou a experiência?
No
nosso ramo de actividade acho sem dúvida que a experiência prevalece sobre a
formação, isto porquê? Porque as actividades cá desenvolvidas não necessitam de
qualquer tipo de formação, qualquer pessoa pode trabalhar na cerâmica, basta
mostrar uma vez como o trabalho deve ser feito e facilmente se consegue fazer à
primeira. Por isso é que preferimos a experiência pois assim fazem os trabalhos
mais rápidos não esquecendo que também terá de ser feito com qualidade.
Sente diferença entre trabalhar com homens
ou com mulheres?
Nós
até temos mais mulheres que homens, mas por vezes geram-se situações e
discussões entre elas, que se calhar fossem homens não haveria situações tão
mesquinhas. Eu tenho um ditado que diz:” com os homens posso contar, com as
mulheres é um blá blá blá que nunca ninguém lhe chega lá.”
Como
avalia, isto é, se avalia, os seus funcionários?
É assim, se um
trabalhador tem como objectivo tirar 1000 peças por semana, eu avalio pelo
cumprimento ou não desse objectivo e neste caso avalia-se a responsabilidade de
cada um, porque vamos supor que precisamos das 1000 peças para a encomenda que
sai na segunda feira logo de manhã e o trabalhador na sexta feira vai embora e
só tinha 900 peças, eu não posso permitir que isso aconteça. Os trabalhadores
têm que ser responsáveis, e normalmente isso não acontece.
Como
classifica a sua relação com os seus funcionários?
Acho que é uma
relação muito correcta, somos directos não temos qualquer tipo de problema em
dizer o que se passa de errado em sector X ou Y. Temos uma relação próxima,
passo a maior parte do tempo a trabalhar no sector fabril, ou seja no fundo sou
como um colega de trabalho.
Costuma
dar muita ou pouca liberdade aos seus funcionários?
Costumo dar
bastante liberdade, gosto que os trabalhadores se sintam à vontade, não quero
que eles tenham “medo” porque não é isso que se pretende dentro da empresa.
Gosto de servir os meus funcionário para que quando algum dia eu precise eles
também se lembrem que eu os apoio em tudo que façam cá dentro.
Acha
que é o método mais adequado para o bom funcionamento da empresa?
Tenho a certeza
que sim, porque não é a controlá-los que as coisas andam para a frente, nem
eles se sentem à vontade. É preferível deixar trabalhar à vontade deixar que
eles próprios vejam o que faz falta fazer e que até façam “surpresas” ao
próprio patrão. Eu dou-lhes liberdade e acho que é a melhor coisa que existe.
Para
concluir, acha que os seus empregados se sentem bem dentro da empresa?
Penso que sim,
porque todos os funcionários já pertencem a esta empresa há vários anos, temos
confiança uns nos outros, somos amigos, de vez em quando marcamos jantares
convívios, pois acho fundamental numa empresa haver momentos de lazer, para
fazer “esquecer” um pouco a pressão do trabalho.
Então vamos supor que uma empresa concorrente
faz uma proposta a um dos seus funcionários acha que eles permaneciam na sua
empresa?
A nota mais interessante que se tira desta entrevista é a não necessidade de existência de um departamento de recursos humanos, uma vez que a cultura desta passa essencialmente por um ambiente familiar de confiança mútua e por isso não há necessidade de controlo dos colaboradores por parte do gestor, que apenas avalia o seu desempenho pela produção necessária para cumprir as encomendas.
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